Paris por Joe - 4º e último dia

Ópera Garnier

Como dizem os franceses: Je suis désolé (sinto muito), mas é nosso último dia em Paris, e hoje os convido a vivenciar mais a vida desse povo, que, apesar de tudo que passou ao longo dos séculos, com suas revoluções, guerras mundiais e tantos outros problemas, vive se reinventando a todo momento, dando-no a impressão de que está sempre de bem com a vida; um povo que eterniza a imagem do bon vivant.
                A imagem que temos do francês, mesmo antes de conhecê-lo, é a daquele sujeito com uma pequena boina, geralmente de camisa listrada, trazendo uma baguete debaixo do braço e ah!... guiando sua bicicleta próximo da Torre Eiffel. Pois bem, com exceção da boina e da camisa listrada, é isso mesmo, eles adoram pedalar pela cidade, geralmente no início da manhã ou no fim da tarde, voltando para casa com sua deliciosa baguete para o jantar.
                Hoje vamos viver um dia de francês, mas, pela manhã, ainda cumpriremos nossa última agenda turística: vamos direto para um monumento que, na minha opinião, é um dos mais belos de Paris, a Ópera Garnier. Um fato que me chama a atenção quando falo da Ópera Garnier é que, geralmente, as óperas são extremamente dramáticas e trágicas, pois bem, o que levou à construção da Ópera Garnier permeou-se tanto de drama quanto de trágico.
                Paris sempre foi palco de atentados contra reis, imperadores, presidentes e similares. Não havia de ser diferente com Napoleão III, tendo ele sofrido cerca de dez atentados. Felici Orsini, um radical italiano que considerava Napoleão III um empecilho para a unificação da Itália, jogou três bombas contra o imperador quando ele saía do antigo prédio da Ópera, na estreita e movimentada Rue Le Peletier (9éme). Napoleão saiu muito abalado, mas ileso, sorte que não tiveram oito transeuntes que morreram no atentado e mais de cem que ficaram feridos. O ato de Orsini acelerou também os planos de Haussmann de transferir o teatro da ópera para um local novo, menos movimentado. Quando da construção da atual Ópera Garnier, cuidou-se para que ela tivesse uma bem-guardada entrada particular para Napoleão III, de modo a evitar uma repetição de um atentado como o de Orsini.
                Assim a Ópera National de Paris - conhecida como Ópera Garnier, nome que deve a seu arquiteto, Charles Garnier - foi inaugurada em 1875 e levou 13 anos para ser concluída, com interrupções durante a guerra com a Prússia e a revolta de 1871. Curiosidade do prédio: Sob o prédio há um pequeno lago, que inspirou o local onde se esconde o fantasma em Fantasma da Ópera, de Paul Leroux.
       

                Adentremos agora no savoir-vivre dos parisienses, vamos fazer algo que ficará para sempre em nossas lembranças. Primeiro vamos a um marché, onde iremos comprar, vinho, queijos, frutas da estação, baguetes, água e um bom chocolate. Pronto, agora é escolher o local para o nosso piquenique. Aqui sugiro alguns lugares para um bom piquenique, são eles: Champ de Mars (em frente a torre Eiffel), Quai des Grands Augustins (as margens do Sena, de frente para Notre Dame), Parque de Monceau (próximo ao Arco do Triunfo) e, por último, os Jardins de Luxemboug. Claro que existem inúmeros lugares, mas ficam aí essas dicas.
                Ao fim de nosso último dia, sugiro simplesmente flanar pela cidade, seja pelos boulevards (Saint-Germain ou Saint-Michel), pelas pontes de Paris, ou mesmo às margens do Sena, e, à noite, sair para o Quartier Latin (Rue Mouffetard) e andar sem nenhum compromisso. Quando der fome, pare em qualquer bistrô e coma algo que o faça lembrar de Paris, só lembre do acompanhamento, o vinho, e seja feliz na sua volta, pois Paris sempre estará à espera de uma nova visita.
Au revoir.
Joe.

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